Turismo – Lá fora
Jamaica – Na ilha dos sorrisos
Sente-se atraído pela ideia de sol dos trópicos, casinhas coloridas, mar esmeralda, bananeiras e coqueiros, plantações de café a perder de vista, marisco grelhado junto ao mar, resorts de traça colonial, chá das cinco em serviço de prata, mordomos de luvas brancas, cascatas, rios com crocodilos, recifes de coral, areais tipo Branca de Neve, rum com gelo em noites quentes e entardeceres de sonho? Então aqui vai um conselho: coloque os calções, o fato de banho e os chinelos numa mala, corra para o aeroporto e embarque rumo à Jamaica. Sem ‘talvez’, nem ‘pois’, nem ‘mas’, nem ‘vamos lá ver’. À chegada, peça para o deixarem na costa norte ou noroeste da ilha, onde está localizada a maior parte dos bons resorts e dos sítios must see it. Escolha um bom resort para passar as noites, mas não deixe de alugar um carro para partir à descoberta da realidade. Está na Jamaica, aproveite. Não queira só cocktails à beira da piscina. Há mais para descobrir e para viver. Já lutaram muito no passado e agora apenas se preocupam em curtir a vida. Ya Mon, como eu vos entendo. Quando for grande quero ser jamaicana.
De pé descalço enterrado na areia, lagosta apanhada à mão, sorriso sempre aberto, casinha amarelo berrante virada para o mar – alugar um T1 de madeira custa cerca de 70 euros por mês. Não há dinheiro? “No problem, para que é preciso o dinheiro se a natureza não nos deixa passar fome? Há peixe no mar, há fruta nas árvores e uns centavos para um copo de rum”, diz-me Errol, rastafari de corpo e fé, sentado à beira do Black River, uma das atracções nacionais a não perder. Vem aí um tufão? “Agarra-te à árvore mais próxima e espera que passe, amanhã será um novo dia”. É assim a Jamaica e o seu povo, uma mistura quase, quase perfeita entre a descontracção e o requinte, entre os bairros de casinhas de madeira multicolores e as grandes fazendas dos antigos senhores britânicos e dos feudos coloniais. Tudo isto, sempre, com a selva tropical em redor e o mar ao fundo. Na década de 1940, houve três acontecimentos que se tornaram basilares no novo rumo que a ilha tomou desde então: a chegada de Ian Fleming, criador de James Bond, do dramaturgo inglês Noel Coward, e do actor Errol Flynn, o senhor Robin dos Bosques. Foi com estes três jamaicanos de coração que começou o turismo na Jamaica.
Pé ante pé, primeiro, e com força e garra, depois. Hoje em dia contam-se nos três milhões os forasteiros que aterram por ano nesta ilha das Caraíbas. A maioria é americana, mas já há muitos europeus também. A verdade é que a água por lá é mesmo muito quente e a melhor maneira de refrescar é não dar apenas um mergulho, mas dois, três, quatro, cinco, os que quiser. Para além das melhores praias (que pertencem aos hotéis), a maioria da costa é falésia, de rocha até ao mar, o que torna difícil o acesso. Mas contamos-lhe um segredo: se algum dia estiver muito desesperado com calor ah para os lados de Oracabessa, para lá de Ocho Rios, procure uma casa de madeira amarela, chame pelo Bonés, um rasta de 60 anos, viajante do mundo e pintor de profissão. Diga que vai da nossa parte e peça-lhe para ver a sua praia privativa, 20 degraus a descer para o mar entre corais multicolores, para lá de uma selva cerrada. Não se espante se Bonés e Kendra, filha da ex-namorada nova iorquina e habitual hóspede da casa, se juntarem a si para umas braçadas. Não faça uma careta se depois, já estendidos ao sol, puxarem de um cachimbo de água e começarem a fumar ganja. Na Jamaica, apesar de o consumo de marijuana ser proibido, quase 60% da população faz ouvidos moucos. “É a maneira de abrir a mente, de meditar, de purificar”, explica-nos Bonés do alto da sua experiência. “Já vivi em Nova Iorque, em São Francisco, em Barcelona, em Paris, em Londres.
Tive muitas mulheres, era muito charmoso, ainda hoje tenho mais ou menos dez filhos, vivi os anos loucos do flowerpower, estive no Maio de 68, fui amigo do Bob Marley” – tal como nos garantem todos os rastas na Jamaica – “e agora cansei-me de andar de um lado para o outro e voltei para a minha terra, para a minha praia privativa, para a minha pintura.” Quanto à ganja, diz-nos ser “um auxílio na viagem espiritual rumo a Jah”. Uma crença, assim como é também o facto de não cortar o cabelo desde 1982*. “Os verdadeiros rastas não cortam o cabelo, nunca, vem na Bíblia.” E também não podem comer carne e não devem beber álcool. E não precisam. Entre o perfume da ganja e o aroma das buganvílias junto ao mar, não é preciso mais para se sentir vontade de ficar para sempre de pés na areia. Ou seguir costa fora, pela estrada que serpenteia à beira da falésia. Uma dica, porém: tenha atenção na condução. Os jamaicanos são loucos ao volante. Siga até ao mercado de Ocho Rios para comprar bugigangas de madeira, cachimbos, colares de sementes, missangas e búzios. Traga também um saco de café Blue Mountains – os entendidos dizem que é um dos melhores do mundo. Meta conversa com os locais, regateie, compre uns CD de reggae, vá até Montego Bay e beba umamargarita no Margaritaville, conhecido por ter os melhores cocktails de tequila de toda a ilha. Passe uma noite pela lagoa fluorescente.
ESPERO QUE HAJA MAIS INCENTIVOS PARA BRASILEIROS CONHECER ESTE LUGAR FASCINANTE, POIS ASSIM COMO CURACAO, AINDA É UM DESTINO CARO, AO CONTRÁRIO DA REPÚBLICA DOMINICANA, POR EXEMPLO.